
Vamos construir um observatório solar tupi-guarani na sua escola?
Diferente das exposições do Observatório Astronômico Seichú, a oficina Kûarasy Ra’angaba (pronuncia-se “coarací rá angaba”) convida os alunos a construir um observatório solar tupi-guarani com as próprias mãos — dentro da escola.
O observatório solar é um dispositivo rústico que utiliza a sombra projetada pelo sol para acompanhar a mudança das estações, a passagem exata dos solstícios e dos equinócios, e a jornada do sol pelo zênite.
Usado pelos povos originários do Brasil, essa tecnologia aplica conceitos astronômicos para marcar épocas de colheita e caça, auxiliar na navegação pelo território, e também como referência de organização social.
Vídeo com a construção do observatório solar indígena com alunos de uma escola de Minas Gerais.
Uma nova perspectiva sobre astronomia e cultura
A oficina Kûarasy Ra’angaba foi idealizada para ficar disponível no espaço escolar por todo o ano letivo, instigando nos estudantes a curiosidade sobre essa prática ancestral de medir a passagem do tempo usando nada além da própria natureza.
Essa iniciativa une o ensino da astronomia ocidental aos saberes cosmológicos dos povos originários do Brasil, desmistificando a visão eurocêntrica de que as civilizações nativas eram “primitivas” ou “selvagens”.
Há mais de 8 mil anos — e ao contrário do senso comum — os primeiros habitantes do Brasil desenvolveram conhecimentos sofisticados sobre:
- 🌄 O comportamento e os padrões dos corpos celestes;
- 🌃 A influência do céu sobre os fenômenos climáticos e ambientais;
- 🌠 A aplicação dos ciclos astronômicos na colheita, pesca, navegação, arquitetura e organização social.

Foto aérea do observatório solar tupi-guarani construído por alunos.
Uma cosmopercepção ancestral reconhecida atualmente pela ciência
Um dos registros mais impressionantes desse conhecimento milenar foi feito em 1615, quando o monge Claude D’Abbeville documentou depoimentos dos sábios Tupinambá sobre a influência da Lua nas marés — um fenômeno que só seria explicado formalmente por Isaac Newton em 1687.
Além da identificação de objetos astronômicos, os povos originários criaram sistemas próprios de constelações, organizando um modelo cosmológico integrado que conecta o céu à Terra e ao cotidiano.

Gustavo Villa administrando a oficina Kûarasy Ra’angaba pelo Observatório Seichú.
Um mergulho cultural para os alunos
Ao construir um observatório solar tupi-guarani, os estudantes mergulham em uma das culturas mais avançadas do nosso território, aprendendo a:
- 🌞 Construir o observatório solar usado pelos primeiros nativos do Brasil;
- ⏳ Utilizar a posição do Sol para entender as mudanças de estações ao longo do ano letivo;
- 🍃 Retomar a observação da natureza como referência para as mudanças sazonais;
- 📵 Reduzir a dependência de tecnologias modernas para compreender o clima e o ambiente;
- 🌱 Aplicar os fenômenos astronômicos na criação e manutenção de hortas urbanas.

A parte teórica da oficina ensina os estudantes como funciona o observatório solar.
Um projeto interdisciplinar para todas as idades
Essa abordagem pode ser aplicada em todas as etapas da educação — desde a Educação Infantil até o Ensino Médio — com o potencial de integrar diversas áreas do conhecimento, como:
- 📖 Linguagens;
- ➗ Matemática;
- 🌍 Ciências Humanas;
- 🔬 Ciências da Natureza;
- 🏛 Ciências Sociais Aplicadas.
Ao conectar os alunos com a história e cultura dos povos originários, a oficina Kûarasy Ra’angaba oferece uma nova maneira de compreender a Terra, o Cosmo, e a evolução do conhecimento científico ao longo do tempo.